quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

KHEDIRA: O Comandante com sotaque


Khedira: o comandante com sotaque

A miscigenação e influência de outros povos tem marcado a nova geração do futebol alemão. Um dos exemplares desta nova realidade é filho de pai tunisiano e mãe alemã, já disputou uma Copa do Mundo com destaque aos 23 anos de idade e é uma das jóias da nova geração alemã. Trata-se de Sami Khedira, volante recém-chegado ao Real Madrid e que é considerado por muitos o substituto de Michael Ballack na seleção.

O gol do título do Stuttgart na Bundesliga 2006/07, a conquista do Campeonato Europeu Sub-21 em 2009 e a bela performance na Copa do Mundo de 2010 foram motivos suficientes para convencer o técnico José Mourinho a levá-lo ao Real Madrid na última janela de transferências. Para Khedira, era o verdadeiro sonho de carreira atuar como titular pelo time merengue, mas nem ele imaginava que seria tão rápido.

Nascido em Bad Cannstatt, o mais populoso distrito municipal de Stuttgart, Sami Khedira também tem nacionalidade tunisiana. O pai, Lazhar, migrou para a Alemanha em busca de oportunidades profissionais. Por lá, apaixonou-se e casou-se com a alemã Doris. No dia a dia com a sua esposa, aprendeu a falar a língua local.

Lazhar foi também o primeiro treinador de Sami no pequeno Oeffingen, onde o volante começou a jogar aos seis anos de idade. Dois anos depois, por influência do pai, o garoto fez teste no Stuttgart. Passou e foi para as categorias de base do clube, onde permaneceu por 11 anos, até chamar a atenção do então treinador da equipe principal do Stuttgart, Armin Veh, que o convidou para fazer parte da pré-temporada do clube em 2006.

A estreia aconteceu em outubro do mesmo ano, contra o Hertha Berlim pela Bundesliga. Um mês depois, Khedira marcou os seus primeiros dois gols pelo Stuttgart numa bela atuação contra o Schalke 04. Naquele momento ganhou a titularidade, status que nunca mais perdeu enquanto permaneceu na Alemanha.

O reconhecimento do seu talento veio rápido. Volante moderno, que sabe atuar com e sem a bola, chega até a área, participa ativamente da partida e marca gols, Khedira logo conquistou espaço. Rapidamente, o volante se tornou um dos principais jogadores da equipe, marcando um total de quatro gols em 22 jogos, incluindo o tento que garantiu o titulo alemão na vitória por 2 a 1 sobre o Energie Cottbus. O Stuttgart se sagrou campeão depois de 15 anos, e Khedira despontava como uma das maiores revelações do país para o meio-campo.

Percebendo a joia que tinha no plantel, no ano seguinte, os alemães renovaram o contrato do volante de dois anos e meio para mais três anos - até 2011. Durante este tempo em que atuou pela equipe, Khedira disputou 98 partidas e marcou 14 gols.

Não demorou muito para Khedira chegar às seleções alemãs de base e assumir um papel de destaque. Em 2009, o volante foi convocado para disputar o Europeu Sub-21, na Suécia. Por seu espírito de liderança, ele foi designado pelo técnico Horst Hrübesch, para ser o capitão da equipe.

Além de Khedira, a Alemanha contava com jogadores habilidosos e velozes que foram apontados como revelações daquele torneio - Neuer, Boateng, Mesut Özil, Aogo e Marin – e que mais tarde seriam chamados para disputar a Copa do Mundo ao lado de figuras tarimbadas como Klose, Podolski, Lahm e Schweinsteiger. A marca da conquista europeia da categoria foi a brilhante goleada por 4 a 0 na final contra a Inglaterra.

Ainda em 2009, o volante foi convocado por Joachin Löw para um amistoso contra a África do Sul, vencido pelos alemães por 2 a 0. Foi o único jogo do meio-campista pela seleção antes da Copa. Khedira substituiu Simon Rolfes, do Bayer Leverkusen, no decorrer da partida e foi incluído numa pré-lista de 27 nomes formada por Löw para o Mundial, dos quais quatro seriam cortados.

Beneficiado por diversas lesões dos concorrentes – incluindo Ballack e Rolfes - Khedira não só “sobreviveu” aos cortes, como viu cair no colo a posição de titular na Copa do Mundo. Era a oportunidade que faltava. O volante destacou-se pelos chutes fortes, foi eficiente nos passes – na África do Sul, 80% de passes certos de quase 200 dados – e cometeu poucas faltas, somente cinco em todo o torneio.

Considerado um dos melhores volantes do Mundial, Khedira saiu da África do Sul extremamente valorizado e despertou a admiração do técnico do Real Madrid, José Mourinho, que rapidamente pediu a sua contratação. O Stuttgart não teve como recusar a oferta “baixa” - cerca de 15 milhões de euros -, pois o volante tinha contrato apenas até 2011 e poderia sair de graça no ano seguinte. Sua saída, porém, foi lamentada por Fredi Bobic, diretor esportivo do clube: “Sami Khedira é um verdadeiro líder no gramado e ele personifica tudo o que o Stuttgart representa. Por isso, não é fácil vê-lo sair”, disse.

Assim que foi contratado, Khedira teceu elogios ao novo clube e ao novo técnico. “Para mim jogar no Real Madrid é um sonho tornado realidade. Estou pronto para começar a trabalhar, sabendo que ao fazê-lo com Mourinho, vai ser possível ganhar títulos.”

Apesar da rápida evolução na carreira com conquistas importantes, Khedira continua bem focado e não se deslumbra com a fama. Aos 23 anos, o jogador é tido um dos símbolos da nova geração do futebol alemão, à qual, se cumprir tudo o que promete no momento, será uma grande adversária do Brasil na Copa do Mundo de 2014.