domingo, 9 de outubro de 2011

ENTREVISTA COM ADEMIR DA GUIA - O DIVINO DA BOLA parte 2: Academia na década de 1970 e Seleção Brasileira


Entretanto, o auge de Ademir da Guia viria nos anos 70. Naquela época, a fase do Palmeiras era tão notória que a história do clube foi dividida em duas partes. A primeira Academia, nos anos 60 e a segunda Academia, na década de 70. Ademir participou das duas e se consagrou com a camisa do Alviverde Imponente. A inteligência, a habilidade e o modo sereno com que tratava a bola nos pés era algo raro feito por alguém no futebol brasileiro. Sempre jogou no meio-campo, era a posição em que sentia-se mais à vontade. “Na verdade eu tinha essa facilidade de jogar no meio campo, fazer gols. A gente nota e vê aonde você pode jogar. Eu tinha essa facilidade no meio de campo e sempre joguei nessa posição, apesar de ter técnicos que às vezes jogava a gente em outras posições”, ressaltou o ex-jogador.

Mas como ele conseguia manter a tranquilidade que tinha com a bola nos pés? Concentração, confiança? Ademir explica:
“O jogo em si, depende muito das primeiras jogadas. Se você começa um jogo e acerta a primeira, depois a segunda fica mais tranquilo, mas se você erra as duas, já fica nervoso. Então depende muito do início do jogo, daquilo que a gente tá vivendo naquele momento”.

Período este que durou muito tempo e o consagrou como o “Divino” da Academia. Ademir, com toda humildade, afirma que herdou o apelido do seu patriarca. “Na verdade, o apelido de Divino não é meu. O meu pai, quando jogou no Nacional-URU, a torcida colocou apelido nele de Divino Mestre. Então, quando eu cheguei ao Palmeiras, saiu nos jornais: Palmeiras contratou filho do Divino! Assim foi passando o tempo e então ficou, Ademir da Guia, o Divino. Mas o apelido só está emprestado”, sorriu Ademir.
Tão Divino quanto ao pai, o filho era o maestro daquela equipe que tinha grandes jogadores como Leão, Luís Pereira, Dudu, Leivinha, César Maluco, entre outros. Para ele, a chegada do técnico Brandão fez o clube mudar a mentalidade tanto na preparação física quanto no ambiente. O treinador aplicou a filosofia de trabalho e reduziu o elenco de 45 jogadores para apenas 26, decisão esta que fez a equipe entrosar e se conhecer melhor, pois com o tempo, os atletas sabiam com quem jogariam e pensavam como o companheiro ensaiava a jogada. O clube se fortaleceu economicamente devido à fase que passava dentro de campo e os contratos melhoraram financeiramente com o reduzido número de jogadores.

1972 foi inesquecível ao Palmeiras, pois o time ganhou tudo o que disputou. Com muito orgulho, o Divino faz questão de ressaltar as glórias alcançadas naquele ano. “Nós ganhamos o Torneio Laudo Natel, que era só de grandes equipes, fomos à argentina jogar o Torneio de Mar Del Plata contra os melhores times de lá, ganhamos o Campeonato Paulista invicto, Campeonato Brasileiro e vencemos o Troféu Ramón de Carranza, na Espanha. Então, em um ano consegui ganhar cinco torneios com grandes equipes. Realmente foi muito bom, o melhor ano da minha carreira, excelente. E o mais importante, é que eram os mesmos jogadores, nós tinhamos os onze titulares, que se conheciam e isso ajudava muito”, afirmou o craque.

No ano seguinte, Ademir conquistava mais um título brasileiro para comprovar o timaço que o Palmeiras possuía na época, dominando o cenário no início da década. Já o título paulista de 1974 foi emblemático, pois a decisão era nada mais, nada menos contra o arquirrival Corinthians. O alvinegro vinha de um longo jejum sem títulos, enquanto a Academia ganhava praticamente tudo o que disputava. A final foi inesquecível para o Divino e ele conta como era naquele tempo o clima da rivalidade.
“Essa rivalidade já existia naquela época. Quando você joga contra o Corinthians, a semana é diferente. Mais gente cobrindo, mais repórter no campo, mais torcedores, a pressão aumenta, tudo aumenta. Se você ganha, o prêmio aumenta, você faz um gol e já é um craque, então é tudo diferente. Nós notamos que eles entraram muito nervosos, pois eles precisavam ganhar. Mas a gente não, estávamos tranquilos, pois tínhamos sido campeões brasileiros em 1973 e isso facilitou pra gente”, retrata Ademir.

O ano de 1974 também foi marcante a ele, foi convocado para jogar a Copa, na Alemanha. Porém, o Divino não brilharia como no clube devido às poucas chances de atuar como titular. A seleção brasileira manteria a base tricampeã no México e, assim, Ademir ficou a maior parte do tempo no banco de reservas. A única partida do Mundial em que jogou foi na derrota de 1 a 0 para a Polônia na decisão do 3º lugar e foi substituído durante o confronto. Apesar de entrar apenas no último jogo, Ademir estava feliz, pois realizou um sonho de família. Assim como o pai, jogou também pela seleção brasileira uma Copa do Mundo.

Ainda sobre a seleção, ele revela não ter mágoa por ter tido poucas oportunidades durante o seu tempo, mas confessa o desejo de ter sido convocado entre os anos de 1968 e 1969.

Ao todo, com a camisa canarinho, Da Guia fez apenas 12 partidas, com sete vitórias, três empates, duas derrotas e nenhum gol marcado. Ao lado de Zico, Sócrates, Falcão, Roberto Dinamite e Júnior, entre outros, Ademir da Guia pode ser considerado mais um desta lista de craques que marcaram época nos clubes, entretanto não obtiveram o mesmo sucesso com a camisa verde e amarelo em relação a títulos. Azar da Seleção e da Copa do Mundo...

2 comentários:

Débora Andréa disse...

seguindo-te :D poxa, você tem blog há um tempão e só agora que eu sei disso! o.O gostei muito de tudo aqui. sucesso, querido

YURI GONÇALVES disse...

Obrigado Deby =) fico feliz por ter gostado. Vou divulgar mais esse negócio aqui hehehehe beijãão